Sr. João,
Além da padronização definida pela norma IEC 61850 para a comunicação de dados, a norma propõe também uma modelo de dados para permitir a interoperabilidade entre os IED's.
De início, verificava-se que os sistemas de parametrização de relés fornecidos pelos fabricantes não conversavam na mesma "lingua", dificultando a integração dos IED's de fabricantes diferentes.
Nesse sentido, a norma propõe uma padronização no modelo de dados buscando, nesse sentido, a obtenção de um modelo de IED genérico apresentando a descrição de suas funções definida de maneira padronizada.
Esse fato é sem dúvida de grande importância, pois permitirá em um futuro não muito distante que a parametrização dos IED's ocorra de maneira padronizada excluindo as diferentes formas de parametrização existentes no momento para relés tipo Siemens, GE, Areva, etc.
A figura em anexo expõe o modelo geral de dados previsto pela norma.
Anexo:
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No topo da modelagem encontram-se os dispositivos físicos (IED'S). A lógica das funções desses dispostivos é formada pela união de inúmeras subfunções designadas pela norma de Logical Nodes (LN) . Cada grupo dessas subfunções recebe o nome de dispositivo lógico. A alocação dos nós lógicos poderá ocorrer em diferentes IED's e sua comunicação é feita por pacotes de mensagens (PICOM's) classificados de acordo com a velocidade exigida para seu transporte. Mensagens tipo 1 (TRIP, CLOSE, etc) são consideradas mensagens rápidas e em função disso seu tempo de transmissão deverá ser baixo.
Partindo para uma descrição mais detalhada do modelo de dados, a norma prevê a divisão de cada LN (Logical Node) em dados e atributos de dados descritos nas partes 7.3 e 7.4.
Em se tratando, por exemplo, da definição da função 51 de um IED, a norma disponibiliza o nó lógico PTOC. Dentro desse nó é possível a definição de dados relacionados ao status e parametrização dessa função, como dial de tempo, corrente de pickup, tipo de curva, etc. A associação desse nó com outros nós (TVTR, TVTR, XCBR,etc) através de serviços define uma teia que permite a execução da função propriamente dita.
A semântica de cada nó lógico é descrita em IEC 61850-5.
A definição dos dados do nó é feita considerando que alguns deles são obrigatórios para definir a funções enquanto outros apresentam sua presença de maneira opcional, de acordo com a definição do usuario.
Além disso, cada dado apresenta sua classe de atributos (semântica em IEC 61850 7.3). Esses atributos são caracterizados basicamente pelo seu tipo (Int32, Boolean, String) e pelo seu FC (Functional Constraint). O FC indica se o atributo poderá ser lido, escrito, controlado, etc. É nos atributos de dados que os valores para parametrização são inseridos respeitando seu tipo.
No que diz respeito à padronização da linguagem de configuração da comunicação entre os IED’s, a norma padroniza arquivos do tipo SCL (Substation Configuration Description Language). Essa linguagem basea-se no padrão XML e é descrita através de várias extensões de arquivos utilizados na troca de informações entre os softwares de configuração dos IED’s de vários fabricantes. São eles:
SSD (System Specification Description): Arquivo utilizado que descreve o diagrama unifilar da subestação e todos os nós lógicos requeridos;
SCD (Substation Configuration Description): Arquivo gerado pela ferramenta de configuração do sistema e importado pelo software de configuração dos IEDs com as informações configuradas para a comunicação;
ICD (IED Capability Description): Arquivo gerado pelo configurador do IED para informar a ferramenta de configuração do sistema de suas características como tipos de nós lógicos existentes etc;
CID (Configured IED Description): Arquivo final gerado pelo configurador para ser carregado em determinado IED.
Caso algo não esteja claro para o Sr., pode se manifestar.